+55 11 944071467 - Telefone e Whatsapp contato@vozesfemininas.org

As lives tem sido uma forma de não descansarmos na militância enquanto de quarentena. Mesmo estando em casa, as reuniões e debates vem acontecendo de forma intensa nos mais variados temas e coletivos, pela internet.  Aqui já recomendei alguns canais pertinentes a nossa causa da inclusão da mulher com deficiência. 

Semana passada, no meio dessas lives me deparei com um termo que confesso, não conhecia antes: A Acessibilidade atitudinal. O termo simboliza o início da ação inclusiva para assim traduzir o pensamento inclusivo em atitudes do dia-a-dia.

A sua acessibilidade se inicia no pensamento mas o o que vai importar mesmo, são os meios concretos de desenvolver esse conceito, partindo da sua atitude perante ao outro que é diferente de você. E por isso a Acessibilidade Atitudinal é um conceito fundamental para garantir que a pessoa com deficiência obtenha sua inclusão.

Insiro aqui, um texto que discute lindamente o termo que mencionei com um exemplo prático do dia-a-dia. É do blog da Fernanda Zago, uma mulher  que além de ativista pela causa da inclusão, é funcionária pública  e escreveu esse texto que explica melhor a atitude que me refiro:

“Acessibilidade Atitudinal, nada mais é que a atitude pessoal de cada indivíduo. Aparentemente é algo simples, mas como veremos no texto abaixo, ela vai além do discurso, e por isso mesmo faz a diferença entre estarmos na sociedade como cidadãos que somos, ou à margem dela, como cidadãos sem cidadania.

[…]

Imaginemos uma situação comum…

O ambiente: nada mais comum que uma parada de ônibus, onde pessoas vêm e vão, vindas de todos os lugares e indo em direção à toda cidade e pelas mais diversas razões. Lá está você, esperando por seu ônibus e eis que chega aquela figura com uma bengala na mão e se posta junto às outras pessoas.

O que você faz? Provavelmente se põe a observá-la, não é mesmo? O seu ônibus não chega e por isso, percebe que dois ônibus passam, e nenhum deles serve para aquela pessoa. Como soube disso? Simples: a pessoa fez sinal para os ônibus, que pararam e abriram a porta, neste momento, você ouve o deficiente fazer uma pergunta para dentro do ônibus.

Você não ouviu a resposta, pois continua a uma certa distância do deficiente, a mesma em que estava quando ele chegou, mas pôde ouví-lo perfeitamente agradecendo e pôde vê-lo voltar o corpo à posição anterior. Pensa com seus botões por quê o indivíduo fez aquele movimento de corpo e chega à conclusão de que o fez para poder ouvir a resposta à sua pergunta.

Bem, o que você tem de concreto até agora? Uma parada de ônibus, onde pessoas esperam por aquele que os levará ao seu destino, mas, entre elas está um deficiente visual. Estranho? Incomum? Talvez nem tanto. O estranho e incomum é a situação em si, pois aquele indivíduo não enxerga e portanto não tem como saber se o veículo que se aproxima é um ônibus, e se for, não tem como saber se aquele é o ônibus que precisa pegar.

O que você faz nessa situação: segue seu caminho ou se aproxima? Qual é a sua ATITUDE?

Lembra da pergunta do título deste texto: quando é que somos acessíveis? Se para a pergunta você respondeu: me aproximo do indivíduo com o propósito de auxiliá-lo, você teve ATITUDE. A isso, nós damos o nome de ACESSIBILIDADE ATITUDINAL, ou seja, ATITUDE PESSOAL, que se traduz também como solidariedade.

Essa Acessibilidade, vai além do contato eventual em que acabei de descrever, ela pode estar presente em todos os ambientes: no trabalho e em ambientes públicos, como uma parada de ônibus, um bar, uma sala de espetáculos, um restaurante, etc.

Não bastasse isso ser uma questão de educação, solidariedade, ser humano e fraterno, é também uma questão de direito, pois a Lei de Acessibilidade, garante a todos que têm necessidades especiais, um tratamento digno e respeitoso.

    Quando em um ambiente público a acessibilidade arquitetônica não corresponde ao que a lei determina e não por uma questão de cumprimento de lei, mas para garantir aquele que precisa, ter assegurada a sua dignidade e segurança, esse ambiente precisa suprir essa lacuna com a ACESSIBILIDADE ATITUDINAL.

Reforço porém, minha opinião pessoal de que essa Acessibilidade é, antes de mais nada, uma questão de educação e respeito por outro ser humano, independente dele ter ou não uma necessidade especial.

A quem cabe dar o primeiro passo?

Isso significa que aquele que necessita de Acessibilidade Atitudinal, também precisa compreender que muitas pessoas não sabem como se aproximar. Não sabem que no caso do nosso amigo, o correto seria que ele fosse tocado no ombro, ou na mão, e assim saber que estão falando com ele.

Mais uma vez, digo o que já foi dito, a INCLUSÃO é uma via de duas mãos, e é impossível acreditar que só o outro tem obrigações, ou que só o outro tem direitos, fazemos todos parte de uma mesma sociedade onde cada um tem seu papel a exercer.”

);