Iniciamos o segundo encontro com a avaliação do encontro anterior, percepção das participantes sobre o encontro e sobre a dinâmica realizada no qual as participantes avaliaram positivamente tanto o tema quando a dinâmica, dizendo ser possível aplicar em grupos de futuras agentes e falando da falta que faz os encontros presenciais que por enquanto estão suspensos por conta da pandemia do coronavírus.
Primeiro encontro de formação virtual das agentes de inclusão de mobilização social – AIMS
Seguimos o encontro com o tema “Ser mulher”, trazendo aspectos positivos, negativos e aspectos que poderiam ser melhorados. Muito se foi falado sobre o machismo, o desrespeito e a desvalorização do trabalho dito doméstico e do cuidado. Infelizmente, histórias pessoais de estupro e de violência foram dividas muito corajosamente.
Ainda vivemos uma situação dramática no Brasil, em que ser mulher em um país que é o quinto no ranking do feminicídio e exercer sua sexualidade mesmo que a cada 11 minutos, uma de nós é estuprada, é um ato de resistir. As mulheres assinam 72% dos artigos científicos nas universidades, mas apenas 19% de nós estão em posição de liderança, quem nos representa? A cada dois dias, uma mulher morre em clínica de aborto clandestina e se decidir ser mãe, 1 a cada 4 de nós sofrerá violência obstétrica.
Algumas das nossas agentes enviaram relatos escritos e logo, logo vocês irão conhecê-las; Estamos trabalhando juntas na nossa própria biografia.
Tiffany – “Tenho 44 anos e sou uma mulher trans e gosto de estar com minha família, pois sou muito família e tenho um Filho especial que eu cuido dele”.
Ser mulher é uma dadiva de Deus é ser mãe, amiga, companheira e o bom de tudo é se amar e ser amada e que nossas igualdades possam ser respeitadas. O que é bom em ser mulher é ser livre e ser dependente de suas escolhas e decisões, é ser feminina e se sentir linda todos os dias. O que é ruim em ser mulher, o ruim em ser mulher é saber que sua voz não é ouvida e seus direitos não são respeitados e que esta lei María da penha não protege como deveria proteger, cuidar e dar apoio. Este é o ruim em ser mulher. O que poderia mudar em ser mulher é que os nossos direitos e igualdade sejam respeitadas entre homens e mulheres e que podemos ter os mesmos valor em nossas leis políticas e que nosso trabalho tenha o mesmo valor entre homens, é o que poderia mudar.
Delma – “tenho 31 anos, sou estudante de enfermagem e tenho um filho autista de 8 anos. Ser mãe e poder cuidar do meu filho é pra mim o melhor sentido da vida. Amo minha família e tudo que eu faço”.
Ser mulher é ser um pouco de tudo é ser única e especial. É sim uma dádiva de Deus. Ela quem gera a vida, é quem amamenta, é quem está sempre presente. Tem uma capacidade brilhante de organização e ainda conseguir lembrar sempre onde tudo esta. Muitas vezes a mulher não reconhecida pelo seu trabalho. E por ser mulher é vítima de violência doméstica, sexual e preconceito. A luta pela igualdade e preconceito deveria ser vencida. O respeito e amor ao próximo deve prevalecer sempre.
Íris – “Tenho 48 anos, sou cuidadora da minha filha, Ana de 12 anos com Paralisia Cerebral leve e autismo, no momento também sou cuidadora do meu pai.” *Em seu texto, se inspirou em leituras que fez pela internet.
Ser mulher! É ter a liberdade de escolha, seu espaço e direito à voz, sem que sofra nenhum tipo de diminuição, ser mulher é ter resistência, força, coragem, protetora, conciliar, se desdobrar, se reinventar todos os dias sem medos dos desafios. O bom de ser mulher : É ter a capacidade e determinação de fazer e resolver qualquer situação, sem contar a magia de dar a luz, seja por ventre ou coração, pois quando uma mulher se torna mãe o amor se multiplica. O ruim: falta de direitos e valores, a violência doméstica e psicológica muitas vezes velada.
Eleir: “Tenho 46 anos, sou cuidadora da Evanete desde 2013 , quando minha mãe faleceu e ela veio morar conosco. Também faço parte de uma Associação de alfabetização de jovens e adultos, onde tenho uma sala de.aula à noite, no JD.Carumbe.”
Mulher é Ser multifacetadas, ser comparada com um ser frágil, mas tem uma força interior enorme
Adriana – “Tenho 38 anos, casada e uma filha de 17 anos, gosto muito de passear e conhecer pessoas novas, me tornei deficiente físico à 3 anos, tenho desgaste no quadril a espera de uma cirurgia, tbm tenho um sobrinho especial e tinha um tio cadeirante”
Ser mulher é saber que o sexo feminino, geralmente, apresenta uma sensibilidade maior, tem uma percepção mais ampliada, habilidade para captar movimentos simultâneos e assuntos diversos e desenvolver a intenção de maneira peculiar. Ser mulher é desempenhar uma multiplicidade de papeis sem deixar que estes papeis rotulem.
Conectar-se com emoções sem ter vergonha de mostrá-las. E buscar o equilíbrio entre a razão e a emoção sem abafar seus sentimentos por medo de acabar mostrando fragilidade. Compreender que o tamanho da sua roupa, as cores do seu batom e do seu cabelo não a define. Partilhar sua vida e sua casa com quem quer que seja, sabendo também partilhar as tarefas domésticas, sem achar que isso é somente papel do feminino. Ser mulher é ser real. É se conscientizar da realidade que vive, dimensionar suas possibilidades e realizar aquilo que está ao seu alcance.
Ser mulher é um privilégio, viva as mulheres que reconhecem seus valores, sabem e usam beneficamente o seu poder transformador.
O bom de ser mulher que podemos gerar um ser dentro da gente e nos torna mãe. E também podemos ser mãe de outra forma como adotando uma criança para nos torna mães. Temos um dia especial para nós que é o dia Internacional da mulher. Conseguimos fazer várias tarefas ao mesmo tempo. Podemos ser o que quisermos na área profissional.
Somos mais poderosas quando unidas. Nós mulheres não tem tempo ruim mesmo que doentes e com dores não deixamos de fazer nossas coisas. Somos mais organizadas.
É bom ser mulher, porque podemos ser todas em uma só, fortes e corajosas, frágeis e acessíveis, mãe e filha, amantes, dona de casa, profissionais. E mesmo com todas estas facetas, ainda arranjamos tempo para ir à manicure, ao cabeleireiro, comprar presentes, ir ao shopping, fazer aquela receita nova, ouvir uma amiga.
Temos uma intuição muito poderosa, entendemos um olhar muito facilmente, e conseguimos fazer várias coisas ao mesmo tempo.
O ruim de ser mulher é que, além de sofremos com cólicas e a menstruação, nós também precisamos lidar com o machismo em tudo o que fazemos. Frases do tipo “Lugar de mulher é na cozinha”, “ Olha , já pode casar para cuidar do marido” e várias outras com o mesmo significado estão presentes no cotidiano de todas as mulheres.
Nós também estamos impossibilitadas de vestir o que gostamos sem sermos alvos de assobios, olhadas desconfortáveis, elogios idiotas e várias outras coisas que podem ser consideradas assédio.
Quando somos vitimas de estupro ou agressão somos consideradas culpadas por conta da nossa roupa ou se estivermos alcoolizadas, para nós mulheres, o estupro é sempre nossa culpa e nunca do verdadeiro culpado.
Nós também temos dificuldades de trabalhar com o que queremos, somos consideradas fracas para exercer profissões especificas. (Palavras da minha filha Thayza de 17 anos)
Uma das coisas que podemos mudar é a questão dos homens terem mais direitos que nós mulheres, igualdade de gênero é uma das coisas que nós mulheres lutamos por anos. Não sofrermos mais agressão dos companheiros e acabarem com o feminicídio. Acabar com o preconceito de todas as formas que sofremos.
Joana d’Arc – “Tenho 52 anos, sou cuidadora da Vitória minha filha com 35 anos, com paralisia cerebral espástica, estudante de Serviço social, gosta de mostrar para o mundo o potencial da pessoa com Deficiência. Ser mãe e mulher, amar em incondicionalmente.”
Ser mulher, com deficiência ou não, gerar uma vida, sentir seus movimentos, saber que somos capazes de trazer a vida, amar incondicionalmente, ser mãe, esposa, trabalhar fora, então somos “SUPER”.
O ruim de ser mulher: não ter o respeito como deveríamos, com nossos corpos, nossas vontades, nossos desejos.
O que mudar: A visão que não podemos, que não somos capazes. Como não? Já disse na primeira resposta… Sim podemos, sim somos capazes.