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Cuidadores e cuidadoras são profissionais de uma categoria que ainda enfrenta a informalidade e é composta em sua maioria por mulheres negras.

Na pandemia, não só a sobrecarga do trabalho das cuidadoras aumentou, mas também o risco de contaminação e de abuso dos patrões no que tange a alimentação no trabalho, horários abusivos e demandas por atividades que extrapolam a função.

Precisamos falar do abuso que os cuidadores estão sofrendo na pandemia

Pensando em todas essas dificuldades e no agravamento dos problemas socio-sanitários relacionados a pandemia, o Instituto Tricontinental de pesquisa social vem publicando uma série de estudos desses temas, com título de “Coronachoque”.

 

“Desatando a crise; trabalhos de cuidados em tempos de coronavírus”

O nome do dossiê de número 38, lançado em alusão ao mês marcado pela luta internacional da mulher, não só se aprofunda no tema do cuidado, mas também na falta de reconhecimento do trabalho doméstico, atividades fundamentais para a produtividade moderna e sua exploração dificulta a vida da mulher em diversos níveis.

De acordo com a pesquisa, a falta da presença do estado, defendida pelo sistema neocapitalista liberal, sobrecarrega a função da mulher em cada núcleo familiar, pois ela se torna responsável por assegurar um ambiente limpo, sem violência e ainda pela saúde, alimentação e educação desses indivíduos.

“Essas experiências nascem em resposta à desapropriação neoliberal, cujas consequências colocam um peso particularmente intenso para as mulheres, que são as que vão suprir a ausência do Estado quando os serviços e as proteções sociais são cortados. Em suma, as redes de solidariedade comunitária articulam as demandas de trabalho, o direito a um ambiente limpo e livre de violência, com saúde, educação, moradia, alimentação e terra para produzir.” – Trecho extraído da pesquisa.

 

Por isso, mulheres de bairros periféricos encontram apoio na união dentro de suas comunidades para garantir recursos básicos para a subsistência do coletivo de forma ampliada. E é não só no Brasil, a pesquisa, na verdade, observa especialmente movimentos comunitários da Argentina.

“Somos nós, as mulheres, que nos organizamos e realizamos as tarefas de cuidado, que damos contenção à família em muitos aspectos. Não só alimentamos, cozinhamos e servimos a comida, mas muitas vezes seguramos as pontas, nossas e de outras pessoas, e tentamos encontrar uma solução a todos os problemas (Janet Mendieta). “

 

O texto se debruça no trabalho de mulheres trans que adquirem recursos diariamente para abrir refeitórios comunitários, redes que garantem acompanhamento a mulheres, lésbicas, travestis e trans vítimas de violência no contexto de isolamento.

“Como diz Silvia Federici (2018), o trabalho doméstico é muito mais que a limpeza da casa. É servir fisicamente, emocionalmente e sexualmente a aqueles que ganham o salário. Pamela Cutipa é uma trabalhadora do sexo. Nas primeiras semanas de isolamento obrigatório ela ficou sem a possibilidade de trabalhar e foi despejada do quarto onde morava. Foi Margarita, uma trabalhadora doméstica, que ofereceu a Pamela um lugar em sua casa. A pandemia ressaltou mais que nunca a nossa interdependência, para além das paredes das casas. O que chamamos de família é construído de muitas maneiras.”

 

Leia o dossiê completo para conhecer mais relatos de mulheres que encontram sobrevivência no apoio comunitário. 

O projeto Vozes Femininas se insere nesse exato contexto da necessidade de formar e fortalecer redes cada vez mais amplas para garantir que os direitos da mulher com deficiência e das cuidadoras sejam acessados. Salvaguardando todas as necessidades básicas de viver e se desenvolver dignamente. 

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