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Relato de pesquisa das três pesquisadoras Carla Cilene Baptista da SILVA, Andrea Perosa Saigh JURDI e a Vanessa da Costa Rosa CORRÊA soma as experiências de oito mães com deficiência analisando como as mulheres identificam as suas deficiências e como cuidam dos filhos nos seus cotidianos.

Mães com Deficiência e Maternidade: Cotidiano, Redes de Apoio e Relação com a Escola

A pesquisa conseguiu constatar que existem diferentes percepções da deficiência em mulheres com deficiência adquirida em contraste com as mulheres com a deficiência congênita. O primeiro grupo citado enfrenta a condição com menos aceitação, enxergando a deficiência como uma doença, uma lesão a ser superada, como no relato da pesquisa:

“Quero ficar boa logo para cuidar de todos os meus filhos. Quero fazer fisioterapia para ficar boa e cuidar dos quatro. Tenho fé em Deus que meu braço vai ficar bom. Depois que eu fiquei assim, o de nove anos fala pra mim: “eu não queria ter uma mãe assim, eu queria ter uma mãe boa”. Ele não quer ter uma mãe com problema, ele quer uma mãe que pudesse passear com ele.”

Mesmo com essas diferentes percepções, a realidade de discriminação enfrentada pela mulher com um corpo visto como imperfeito passa também pela ótica de que essa mulher é incapaz de ser mãe ou de cuidar de uma criança.

No entanto, mulheres com e sem deficiência se valem de redes de apoio formal e informal para criar os filhos. O coletivo Vozes Femininas é um exemplo importante de uma rede feminina de autocuidado coletivo, além de incluir discussões sobre educação, relação com serviços públicos e acesso a direitos.

O Conceito da interdependência teoriza essas práticas assumindo que não existe ninguém capaz de realizar atividades totalmente sozinha ou sozinho. Cada um realiza uma função diferente na nossa sociedade e assim damos e recebemos diferentes formas de apoio, seja para alguém que temos afeto (apoio informal) ou para alguém em algum serviço profissional (formal).

Pensando nisso, as mulheres entrevistadas na pesquisa relataram dificuldade em se relacionar com a escola dos filhos por não considerarem os recursos de acessibilidade necessários para comunicação entre elas e a escola. Essa barreira na comunicação mostra o desafio em flexibilizar novas maneiras diferente das ditas tradicionais.

Teve outra escola que ele estudou no ano retrasado, no primeiro ano, que eu tive dificuldade, eu não recebia os recados. Hoje, ele já sabe ler, mas, na época, ele não sabia, muito menos letra cursiva, e eu precisava que eles me avisassem das coisas; então, perdi recado, perdi data de trabalho que vinha na agenda, e a gente combinou de elas tentarem me avisar. Aí, eu ficava ligando, era super chato e chegou uma hora que eu desisti. Teve uma vez que a B. perdeu uma apresentação, ela estava doente e eu não levei porque eu não sabia; se eu soubesse, tinha levado pelo menos na hora da apresentação, quando eu reclamei, a coordenadora simplesmente disse: “Estava na agenda”.

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