O movimento precisa buscar a equidade plena entre gêneros e combater patriarcado dentro das especificidades de cada mulher. Mulheres com deficiência sofrem machismo, mas também sofrem capacitismo, atitudes de discriminação que muitas vezes vem de outras mulheres.
Sabemos que a sociedade quer mandar no corpo da mulher, e por isso a autonomia é algo que se busca, mas para mulheres com deficiência, essa demanda é bem mais profunda.
As mulheres sem deficiência sabem bem o quanto são diminuídas, apagadas e sabem o quanto precisam se provar muito mais do que qualquer homem na nossa sociedade, mas o problema está no fato de que mulheres com deficiência ainda precisam se provar enquanto mulheres dentro do feminismo e enquanto seres humanos vulneráveis à violência e a opressão.
Leandra Migotto Certeza é colunista do portal AzMina e como mulher com deficiência, ela relata diversas experiências pessoais em seus textos, leituras essenciais para que as pessoas entendam essa busca por igualdade através de provocações que ela mesmo levanta.
“Tudo aconteceu em uma tarde quando voltei de uma grande cobertura jornalística de um evento importante. Eu estava bem cansada e comecei a conversar com uma colega sobre assuntos pessoais. Quando comentei sobre relacionamentos amorosos, uma outra profissional começou a rir bem alto debochando de mim. Ela chegou até a colocar um objeto pontiagudo na minha cara e insinuar que eu desejava ser ‘amada’. Infelizmente, eu fiquei totalmente paralisada e não consegui reagir!”
As mulheres sem deficiência precisam defender as pautas das demais, para ao invés de olhar só para as diferenças, olhar o que temos todas em comum!
O Feminismo interseccional é aquele que compreende que as mulheres sofrem machismo em diferentes níveis numa sociedade, racista, capacitista, homofóbica e transfóbica e com isso, combate essa estrutura ao trazer essas mulheres como principais relatoras do que vivenciam e assim, para lutar ativamente por igualdade, dividindo o holofote e assumindo o feminismo como uma luta de classes.
É preciso dar visibilidade; ser acessível no discurso, posicionamentos e atitudes, incluindo mulheres com deficiência no debate; e redefinir os padrões estéticos da sociedade, para que mostre corpos com deficiência como belos também.
Devemos levar o feminismo a outras mulheres, para que se empoderem e com isso, lutem pelos próprios direitos, direitos que são básicos para todas as meninas e mulheres, como o ensino de qualidade, atendimento de saúde e medicamentos, posições em trabalhos que sejam equivalentes às qualificações e autonomia para tomar as decisões da própria vida.
Leandra adiciona mais adiante em seu artigo: “As leituras e os estudos sobre o feminismo que venho fazendo livremente como autodidata, além das sessões de terapia, estão me libertando e me aproximando de um verdadeiro empoderamento interior.“
Referências:
Falta, às mulheres que não tem deficiência compreendem a existência das mulheres que tem deficiência – https://naomekahlo.com/falta-as-mulheres-que-nao-tem-deficiencia-compreenderem-a-existencia-das-mulheres-que-tem-deficiencia/
Qual o Lugar de fala da mulher com deficiência – https://azmina.com.br/colunas/dia-nacional-de-luta-das-pessoas-com-deficiencia/
O que é o Capacitismo? – https://azmina.com.br/colunas/o-que-e-capacitismo/