Me chamo Telma de Souza Paulino Brasileira 56 anos. Sou mulher separada, mãe sou da periferia e negra. Sou mãe de seis filhos, mas digo que o universo me deu muito mais do que eu esperava, me proporcionou ser mãe de outros filhos, gerados e do coração.
Adolescentes e amigos dos meus filhos, que na sua juventude se envolveram com as drogas, eu falava com eles sobre o perigo que estavam correndo. Eu via um potencial neles, me chamavam de mãe Telma.
Alguns consegui ajudar a sair das drogas, hoje são homens responsáveis e alguns já tem a sua família.
Antes de falar da minha trajetória não poderia deixar de falar do meu passado, meu presente e futuro.
Aos 30 anos tive a experiência de ficar numa cadeira de rodas, foi muito difícil para mim, me aceitar na minha nova vida.
Foi muito difícil para minha família e amigos, mas sempre me incentivaram a continuar e a conhecer outras pessoas com deficiência para que eu perdesse o preconceito que eu mesma tinha.
O meu primeiro contato foi com a FCD (Fraternidade Cristã da pessoa com deficiência). Este lugar foi para mim um choque de realidade. Resolvi parar de reclamar e agradecer por estar viva e que a minha vida não acabara por aí.
Comecei a ter gosto pela vida, me aceitar e também aceitar que eu agora precisava de ajuda para continuar, o meu andador e a minha cadeira de rodas me davam assas para voar.
Todo esse meu aprendizado me despertou o desejo de falar e poder ajudar outras mulheres que passaram pelo que eu passei: violência doméstica, estupro e a deficiência.
Dizer a elas que não estão sozinhas nessa caminhada, que juntas somos mais forte para fazermos uma mudança, porque somos frágeis, mas somos muito mais forte do que imaginamos.
No ano de 2020 tive a oportunidade de conhecer o Vozes femininas que mudou radicalmente a minha vida, neste lugar eu aprendi que não precisava estar nessa luta sozinha. Eu tinha outras mulheres comigo num mesmo propósito.
Tinha mais vozes para gritar comigo: chega com toda essa violência contra nós mulheres e a hipocrisia dessa sociedade machista!
Foi onde eu tive a oportunidade de fazer parte do grupo de agentes comunitárias de inclusão, onde eu pude conhecer colegas com o mesmo pensamento e objetivos de ajudar a nossa Brasilândia. Lugar onde temos o maior número de mulheres, de renda baixa e mesmo assim somos quem mantém a família.
No Vozes, temos várias rodas de conversa virtuais, somos três grupos de agentes e coordenamos nossas rodas. Eu e Eleir temos o nosso grupo, onde nos reunimos todas as quinta-feira semanalmente as 15:00 as 17:00 horas.
Falamos de todos os assuntos que nós mulheres gostamos de conversar, trocamos nossas experiências, tenho o privilégio de conhecer cada uma das histórias que tem nos enriquecido mutualmente.
História de grandes mulheres que apesar das dificuldades da vida, não perderam a sua essência e a força para compartilhá-las.
Quero agradecer ao Vozes Femininas por essa oportunidade única e incrível que tenho a certeza que não só marcou a minha vida, mas de todas nós que fazemos parte desse grande projeto.
Telma é colunista e Agente de Inclusão do Projeto Vozes Femininas.