Esse título é uma pergunta, uma indignação e um convite para quem ainda consegue se sensibilizar mesmo com tanta tragédia resultante da violência policial no Brasil.
A cruel execução por sufocamento de Genivaldo Jesus dos Santos causou repulsa e tristeza. Essa grave violação dos direitos humanos completa hoje, um mês (25) e a justa responsabilização dos agentes do órgão de polícia não aconteceu.
Para além de denunciar a violência policial contra pessoas pretas e de periferia, precisamos lembrar de que Genivaldo também era um homem com deficiência psicossocial e sofreu racismo e uma abordagem policial completamente capacitista.
Esse alerta para o despreparo da polícia foi feito pelo blog Outra Saúde (OS), junto a lembrança de que diferentes características de deficiências exigem diferentes maneiras de abordar uma pessoa.
Raul Paiva é enfermeiro, doutorando da Universidade de São Paulo (USP) e membro do Grupo temático da Abrasco “Deficiência e Acessibilidade” em conversa para o OS, ele explica que a abordagem policial para pessoas com deficiência, como uma pessoa autista deve ser feita com uma série de cuidados.
A pessoa abordada pode ficar reativa ao toque ou ter um surto de ansiedade, por exemplo. Sentindo como uma violência, ou uma pessoa surda que não escuta comandos. Mães de filhos com deficiência mostram a preocupação da abordagem policial que já é altamente violenta para a população de periferia.
Leia também: Telma Paulino – Como sobrevivi ao meu passado e ao ano de 2021
O que mais uma vez exemplifica a diferença no tratamento de pessoas brancas e com deficiência para as pessoas pretas com deficiência, é sempre preciso ser feito o recorte. Ainda mais para as mulheres com deficiência que sofrem outros tipos de violência além do racismo e estão mais vulneráveis.
Por isso, que a intervenção de autoridades civis na polícia, bem como a punição a essas infrações e a exigência de controle são urgentes para existir de fato um estado democrático de direito no nosso país.